Saúde  |  15-10-2018

Excesso de trabalho e cuidados pessoais de menos afetam saúde de trabalhadores paulistas

O crescimento de São Paulo é incessante: a capital paulista é a maior cidade do país e possui a maior região metropolitana, totalizando 21 milhões de habitantes (Estimativa IBGE de 2017). Ademais, a Grande São Paulo é o principal centro econômico nacional e possui o maior polo de riqueza. O cenário interfere diretamente no comportamento de seus moradores: a cultura workaholic é, inevitavelmente, atrelada a seus habitantes, que muitas vezes abrem mão de aspectos como saúde e bem-estar para se dedicar ao trabalho.

Maria Cláudia Barletta, 43, é funcionária pública no setor de recursos humanos na Grande São Paulo e relata a escassez de tempo em sua rotina: “Como temos contato com o público, os mais variados assuntos são abordados todos os dias, temos uma rotina muito corrida.”

Nas horas vagas, Maria Cláudia conta que busca aproveitar o tempo com sua família, mas questões como saúde e bem-estar acabam ficando em segundo plano: “Não vou ao médico com a frequência necessária e a última vez que realizei um serviço de beleza foi há dois meses.”

Para ela, o tempo vago não é o único empecilho; o fator econômico também pesa na hora de investir em seu lazer: “Gostaria de ter mais tempo para o lazer, principalmente na questão de viagens, mas a parte financeira também interfere.”

A importância do trabalho é incontestável, assim como a do lazer. A busca de um equilíbrio entre os dois é fundamental para as necessidades humanas. Segundo a psicóloga Débora Murgia, negligenciar o lazer é o mesmo que negligenciar a qualidade de vida de um indivíduo:

“Nosso cérebro precisa de válvulas de escapes. Todo ser humano é um ser biopsicossocial, portanto pode e deve se preocupar em trabalhar nessas áreas em questão, caso contrário, as chances de desenvolver patologias como depressão, baixa autoestima, despersonalização e síndrome do pânico serão grandes.

A médica Natália Póvoa também reforça que deixar de lado atividades de bem-estar pode resultar em diversos problemas de saúde: “A ausência do lazer estabelece no indivíduo a ausência do bem-estar, e denota grandes repercussões. Dentre algumas, podemos citar: diminuição de raciocínio e retenção de informações, aumento na incidência de lesões musculares, articulares e ósseas, aumento da incidência de casos de síndromes coronarianas agudas, aumento de sedentarismo e com ele o aumento de doenças relacionadas como obesidade…”

Natália enfatiza a importância do assunto e de sua conscientização: “Essa questão vem aos poucos demonstrando o quanto o lazer e o bem-estar podem modificar, como um todo, a qualidade de vida e reduzir danos para o ser humano”, conclui.

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