Saúde  |  07-06-2018

Quanto o câncer custa à economia do Brasil?

O impacto humano do câncer é bem conhecido: são mais de 225 mil mortes no Brasil a cada ano. Mas agora, um estudo inédito também mediu as perdas que esse mal impõe à economia, levando em conta o recuo na produtividade causado pelos 87 mil óbitos registrados na população economicamente ativa – ou seja, pessoas com idade entre 15 a 65 anos.

A estimativa é de que o país sofra um prejuízo de US$ 4,6 bilhões anuais, o equivalente a R$ 15 bilhões e a 0,21% de toda a riqueza gerada.

O cálculo considera a renda média dos profissionais, quantos anos deixaram de ser trabalhados e com quanto eles poderiam ter contribuído economicamente por meio de salário e emprego até o final da carreira. Não foram incluídas crianças, pessoas que estavam em idade de aposentadoria e os gastos de saúde com os doentes.

“Se fossemos abraçar tudo (prejuízo econômico mais gastos com internação e medicamentos), estimo que as perdas totais seriam pelo menos o dobro do que avaliamos”, afirma Isabelle Soerjomataram, coautora da pesquisa e membro da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês), órgão ligado às Nações Unidas.

O estudo analisa as perdas causadas pelo câncer à economia dos Brics (grupo de emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e foi divulgado neste mês pela publicação científica Cancer Research Epidemiology. Foram usados dados atualizados de 2012, que permitiram analisar o impacto econômico da doença para além dos indicadores triviais de incidência, mortalidade e sobrevivência.

Mais de dois terços dos 8,2 milhões de mortes anuais por câncer no mundo ocorrem em países de renda média e baixa – só os Brics concentram 42% desse total, ou seja, quatro em cada dez casos. Os prejuízos às economias desses países somam US$ 46,3 bilhões (aproximadamente R$ 150 bilhões) por ano, segundo os parâmetros da pesquisa.

Tabaco, obesidade e doenças infecciosas

A parte das perdas no Brasil ocorre por causa do câncer de pulmão, que tem o cigarro entre as causas principais. O custo das mortes por tabagismo foi estimado em US $ 402 milhões (R $ 1,3 bilhão) ao ano.

A obesidade também eleva o número de casos. “As taxas de obesidade que crescem rapidamente no Brasil são de 2% dos casos de câncer em homens e quase 4% em mulheres. “, diz o estudo.

Outra variedade brasileira é o maior número de casos de origem infecciosa. “Em comparação com os países desenvolvidos, temos uma alta incidência de tumores de origem infecciosa. É o caso do câncer de colo de útero por HPV , por exemplo”, afirma uma Mariana de Camargo Cancela, do Instituto Nacional do Câncer (Inca) , que também participou do estudo.

“Ela está puxando o crescimento e envelhecimento da população”, explica a pesquisadora. Com isso, no Brasil há uma coexistência dos países de desenvolvimento e de países desenvolvidos.

A diferença de participação entre mulheres e homens não é um mercado de trabalho.

Na média, cada vida perdida por câncer no Brasil na parte da economia é de US $ 53,3 mil (R $ 176 mil). Mas, no caso das mulheres, são US $ 44 mil (R $ 145 mil), e não dos homens, US $ 60 mil (R $ 197 mil).

“A diferença entre o custo de uma mulher e uma mulher masculina não chegou a um presságio. Usamos os nossos dados, ans, participação na força de trabalho. Os resultados são mais importantes para as mulheres, especialmente nos países em desenvolvimento”, afirmou a coordenadora. da pesquisa, Alisson Pearce, do Registro Nacional de Câncer da Irlanda .

Envelhecimento e prevenção

De acordo com a pesquisa, uma abordagem mais inteligente para lidar com o problema é uma prevenção. “Por que estamos focando em favorecer investimentos nessa área”, diz Soerjomataram.

As tendências de mudanças no Brasil não tardam a depender do tipo de câncer.

“A incidência de câncer de pulmão, por exemplo, tem diminuído, o que é um reflexo de políticas bem-sucedidas de controle do tabagismo. Então pode-se dizer que no Brasil, em relação ao câncer de tabagismo, uma tendência é melhorar”, avalia Pearce.

“Por outro lado, com o crescimento da população, a incidência geral de mães aumenta. É necessário que se movam em políticas públicas que atendam à população como um todo”, afirma.

“O Brasil está transacionando por um perfil de país rico. Por que, eu imagino que o problema não vai diminuir no futuro. Se nada for feito, na verdade, o problema vai aumentar. termos de perdas.

Uma pesquisa do Inca indica o primeiro ano de 2018-2019.

 

Fonte: BBC Brasil

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