A realidade virtual está nas fábricas de São Bernardo do Campo, Camaçari, Tatuí e Troller no Brasil, além da Argentina e Venezuela.
Antes de iniciar a produção de um novo carro, além de definir aspectos como design, potência do motor e equipamentos do veículo, a Ford também se preocupa com o conforto e a ergonomia dos trabalhadores que vão atuar na linha de montagem, a realidade virtual atua como grande aliada nesta fase.
Segundo Caroline Massolino, ergonomista da Manufatura da fábrica de Camaçari, são feitas simulações virtuais do trabalho dos operadores na linha de produção. Para isso, são usados manequins virtuais que representam os operários e imagens dos componentes dos veículos em CAD (desenho assistido por computador). “Os manequins foram criados para encontrarmos a melhor forma de adaptação a situações extremas”, diz Caroline.
Há três tipos de manequins que ajudam a avaliar aspectos como postura, frequência de movimento, interferências manuais e capacidade de carregamento para analisar e diminuir os riscos ergonômicos das atividades. Um deles representa um homem e serve para avaliar a interferência manual e algumas posturas durante o trabalho. Os outros dois representam mulheres e avaliam o acesso da mão, alcance e a capacidade de força. “Para exemplificar, usamos um manequim de mãos grandes porque, se ele conseguir fazer a montagem da peça sem interferir em outros componentes em um espaço pequeno, qualquer operador conseguir, explica Caroline.
Na Ford América do Sul, a realidade virtual é usada nos estudos de Ergonomia desde 2011 e envolve as fábricas de São Bernardo do Campo, Camaçari, Tatuí e Troller no Brasil, além das unidades da Argentina e Venezuela, juntamente com a equipe de Engenharia de Manufatura da América do Sul.
Caroline explica que, quando a análise virtual demonstra que a ação do operador está no limite do aceitável do ponto de vista de ergonomia para, por exemplo, fixar uma peça do motor, pode ser utilizada uma impressora 3D para fazer a simulação física do processo. Essa etapa é feita no laboratório de Ergonomia da Ford nos Estados Unidos, em Dearborn. Com as peças impressas no equipamento 3D, um engenheiro de produto pode utilizar os óculos de realidade virtual e simular a fixação da peça da maneira correta enquanto é feita a avaliação dos seus movimentos e a condição de montagem. Esses dados, então, são passados para a equipe do Brasil.
Para Rodrigo Crispino, engenheiro de segurança do trabalho da Engenharia de Manufatura da Ford América do Sul, a realidade virtual é uma ferramenta poderosa para simular, antever e analisar os futuros postos de trabalho. O sistema permite evitar as doenças osteo musculares relacionadas ao trabalho, como bursites, tendinites e contusões, além de outras que podem ser causadas por esforço ou posição inadequados. “Com a realidade virtual podemos mapear os esforços, alcances e demais demandas físicas do posto de trabalho para corrigir ou anular eventuais sobrecargas para não gerar lesões, o que também contribui para a saúde e a segurança”, conclui Crispino.
Fonte: Mundo RH